O Palmeiras e a arte de ir do céu ao inferno em 10 minutos
Como às vezes o que nos faz amar o futebol pode causar nosso desgosto
Parecia tudo sob controle para o Palmeiras na Ligga Arena. O time reserva, reforçado por Weverton, Gómez e Gabriel Menino, este a partir do intervalo, vencia o Athlético por 2 a 0, mesmo depois de um pênalti tolamente perdido por Endrick e de algumas boas chances perdidas ao longo do jogo.
Mas, se alguém saiu da frente da TV por volta dos 20 minutos do segundo tempo e voltou dez minutos depois, viu que tudo virou de cabeça para baixo: o placar já estava 2 a 2 e o Palmeiras, encurralado e com um jogador a menos, fazia o possível para evitar a virada. No fim, o 2 a 2 foi aquele resultado que os dois times aceitaram, mas também lamentaram.
Essa possibilidade de transformação do ambiente em minutos por causa de um lance quase ao acaso, como uma bola que bate involuntariamente na mão de um defensor, é uma das coisas que torna o futebol fascinante – e obviamente incomoda demais quando atinge a gente em cheio. Mas não podemos esquecer que outro dia todos ficamos felizes com a virada incrível em cima do Barcelona, um 4 a 2 com três gols em pouco mais de 20 minutos. Há mais ou menos um ano, fizemos dois gols em cinco minutos para virar um jogo encardido no Morumbi – palco, aliás, do próximo desafio, mas já chegamos lá. Acontece. Um dia é do porco, outro do rolete.
A meu ver, me atendo rapidamente ao jogo deste domingo, acho que João Martins se precipitou nas substituições que fez logo após o primeiro gol do CAP e a expulsão, à exceção da necessária entrada do Mayke para repor a perda do Garcia na lateral direita. A não ser o que o Naves estivesse machucado, e não pareceu estar, colocar o Luan era uma troca de seis por meia dúzia, que taticamente não faria diferença e acabou castigada pelo gol sofrido praticamente em seguida no único lance em toda a partida em que a equipe cochilou e deixou livre o craque adversário, Vitor Roque.
Já colocar o Rony no lugar no Endrick era também uma troca pouco útil no sentido que pouco mudaria na estratégia necessária. Além disso, queimou a quinta substituição e ficou sem o que fazer quando o próprio Rony se machucou.
Enfim, é frustrante levar um empate para casa depois de ter aberto 2 a 0 (deve ter sido num jogo assim que alguém cunhou a máxima de que “2 a 0 é um placar perigoso”). É ainda mais frustrante ter feito apenas um ponto dos último nove disputados no Brasileirão, e estar 10 atrás do líder.
Também é frustrante, ou talvez já entre no ponto do irritante, ver que a regra parece sempre cumprida com mais rigor contra a gente. O nosso jogador leva um cartão amarelo bobo por cera e depois o vermelho por um toque de mão na bola sem intenção; o adversário sai ileso depois de uma agressão. Mas isso é, afinal de contas, do jogo. Não há muito o que fazer além do que já fazemos: reclamar, levar fama de chorão diante dos adversários, ver gente da comissão técnica correr risco de punição por falar demais.
Enquanto isso, cabe ao time treinar, se preparar, manter o foco, ter atenção total para uma sequência daquelas que vem pela frente: dois clássicos contra o São Paulo pela Copa do Brasil, intercalados por um jogo contra o Flamengo e seguidos por um contra o Internacional, no Beira-Rio. Sopa no mel, diriam os antigos.
Mas esse Palmeiras, como vimos várias vezes nos últimos anos, é um time que cresce em jogos importantes e contra adversários complexos. Como gosta de dizer o Abel, é um time que compete, não desiste, briga até o fim. Se entrarem com esse espírito, nossa chance de vencer é grande. Estaremos na torcida, como sempre, enquanto houver uma camisa verde com o P no peito.
Concordo plenamente com o erro nas duas substituições "6 por meia duzia", poderia ter esperando um pouco mais.